Compartilhar itens, espaços e serviços é sempre mais econômico e sustentável, além de fortalecer a convivência social. Essa é a ideia por trás do cohousing, sistema de moradia criado na Dinamarca na década de 70 e que hoje é praticado pela Europa, Estados Unidos e começa a surgir no Brasil.

O Que É e Como Funciona o Cohousing

cohousing playgroundO co-housing consiste num grupo de casas individuais cuja disposição aumenta a proximidade entre os moradores, com áreas comuns bastante privilegiadas.

Assim as famílias mantem suas privacidades mas convivem com as demais quando da necessidade do uso das áreas comuns, que podem ser a cozinha, a lavanderia ou uma biblioteca.

O conjunto de áreas comuns formam a common house, ou casa comum.

Cada condomínio de cohousing possui entre 20 e 40 casas – em geral uma de frente para a outra e com áreas de lazer e jardins interligando-as.

Outros elementos, como carros (praticando carona solidária) ou bicicletas, podem ser usados por todos.

cohousing area comumAqui, vale lembrar que as ruas privilegiam os pedestres e as bicicletas; estacionamentos ficam em espaços periféricos.

Os habitantes da comunidade de cohousing devem dividir as tarefas de manutenção do lugar, como varrer as calçadas, realizar consertos mais simples ou cuidar de jardins e hortas.

Também é comum que os pais criem escalas para levar e buscar as crianças da escola.

Todas as decisões que devem ser tomadas no tocante à comunidade são coletivas, sem hierarquias.

Em grande parte dos cohousings são realizados em média dois encontros por semana para discutir pendências administrativas e resolver questões e conflitos pessoais que, com a intensificação do convívio social, acabam acontecendo.

Cohousing no Brasil

O primeiro projeto de cohousing do Brasil está tomando forma na cidade de Piracicaba, interior do estado de São Paulo.

Assim como manda a tradição, as famílias envolvidas em sua construção vai participar ativamente do processo de construção das casas. São sete famílias ao todo.

O arquiteto responsável, Rodrigo Munhoz, projetou apartamentos de 50 metros quadrados, com cozinha, bicicletários, piscina e estacionamento comunitários.

Enquanto isso os grupos de pessoas interessadas em ingressar no estilo de vida comunitário do cohousing cresce. Mensalmente a arquiteta Lilian Lubochinski promove encontros para falar sobre o assunto.

Ela conta que o possível segundo cohousing brasileiro poderá acontecer na Granja Viana, há 25 km da capital paulista.

A propósito: em português começa a surgir o termo “cohabitação” para “cohousing”.

Vantagens do Cohousing

cohousing paineis solares
Painéis solares são exemplo de sustentabilidade do cohousing
  • A valorização de relações comunitárias mais estreitas e o compartilhamento de espaços, serviços e objetos se traduz em sustentabilidade, o que acaba influenciando na própria arquitetura dos vilarejos: muitos possuem telhados verdes e sistemas para uso da água da chuva e painéis solares;
  • Custos de manutenção dos espaços comuns e das próprias casas são menores: as contas de moradores de cohousing chegam a cair pela metade em comparação às de uma casa em espaço urbano normal;
  • Os habitantes sempre podem contar uns com os outros para ajudar a cuidar dos filhos e dos idosos;
  • É possível contribuir para a comunidade fazendo o que cada um mais aprecia ou apresenta talentos. Da jardinagem ao cuidado com a contabilidade, todas as atividades são voluntárias.

Diferenças Entre Cohousing e Ecovila

Embora o conceito de cohousing e ecovila sejam semelhantes, existem diferenças marcantes entre ambos.

Um espaço organizado para o cohousing promove o fortalecimento das relações comunitárias, exercendo a sustentabilidade social, financeira e ambiental.

Já as ecovilas são comunidades praticamente autônomas que suprem, com mais amplitude, o consumo das famílias que ali vivem, movimentando também as esferas econômicas e educacionais dos habitantes.

Por definição, ecovilas são construídas a partir de materiais de baixo impacto ambiental, fontes de energia renováveis e se valem de sistemas alternativos como cooperativismo, redes de troca e economia solidária.

Em outras palavras, ecovilas propõem uma forma ainda mais engajada de morar e viver.