A limpeza periódica

Segundo: promova, de quatro em quatro meses e, de preferência, pessoalmente ou sob seus olhos, uma limpeza superficial nos quadros.

Remova apenas a poeira da superfície pintada com um espanador especial de plumas, de sorte que não cause nenhum atrito na pintura, com movimentos leves de cima para baixo.

No que concerne à moldura e ao verso do suporte, depois de tirar a poeira com um outro tipo de espanador, passe uma flanela limpa e seca.

Nunca use aspirador de pó.

Não passe nenhum tipo de líquido na tela ou na moldura, porque não dá para avaliar qual será a reação do material ao produto.

Lembre-se de que até a água é um agente causador de danos e que é na madeira úmida que os fungos, a broca e o indesejável cupim proliferam mais rápido.
Só profissionais competentes sabem dosar quantidades e aplicar produtos com absoluta segurança.

Terceiro: não espere o quadro literalmente se esfacelar para só então cuidar dele. Mais vale prevenir, do que remediar.

Consulte um restaurador a cada cinco anos, para avaliar a necessidade de se promover uma higienização na tela, a remoção de resíduos e a aplicação de nova camada de verniz.
Pondere, também, se é hora de trocar ou reformar a moldura.

 Excesso de zelo também danifica

Quarto: não deixe que faxineiras toquem nos quadros, de vez que, é o que se constata, elas não têm noção de fragilidade, da importância e do valor de uma obra de arte.

Um simples pano úmido que contenha resíduos de produtos químicos (todos são solventes), muito comum na limpeza doméstica, poderá causar danos irreparáveis à pintura, pois, não sendo prontamente retirados, a ação residual continuará a produzir efeitos devastadores.

Maria Herondina Cardoso Granadeiro, do Rio de Janeiro, uma das mais bem preparadas gerentes de galeria de arte que conheço, me reportou que uma diligente faxineira limpou uma escultura patinada, deixando-a reluzente…
Há muitas histórias tristes para se contar sobre o relacionamento entre obras de arte e faxineiras…

No entanto, se um quadro seu for danificado, não se desfaça dele, mesmo que esteja rasgado. Procure um restaurador.
Temos profissionais que nada devem aos de outros países, que podem operar verdadeiros milagres.

 Cuidados na reforma da casa

Quinto: Quase todas as causas citadas são muito difíceis de ser evitadas, pois, afinal, quadros existem para serem expostos.

Evite o que pode ser evitado, como a excessiva exposição à claridade natural ou artificial.
O sol pode causar danos irreversíveis às pinturas; há casos em que, com o tempo, a pintura quase desaparece, notadamente as aquarelas, que são mais sensíveis.

Ao reformar a casa, recolha os quadros para protegê-los da poeira; recoloque-os sem demora, após o serviço, pois é na parede que ficam mais bem protegidos de acidentes.

A propósito, sobre quadros fora da parede, é muito importante que se tenha o cuidado ao empilhá-los no chão, na vertical, contra a parede, de preferência embrulhados em plástico, do maior para o menor, por motivos óbvios, e sempre frente com frente e verso com verso, a fim de que o pitão e as extremidades do arame não venham a danificar a pintura ou a moldura do quadro imediatamente à frente.
Já presenciei muitos acidentes pelo desconhecimento dessas cautelas.

Alguém lhe agradecerá um dia

Voltando às paredes, não pendure quadros em paredes que estejam úmidas, que recebam insolação intensa à tarde, nem em locais muito próximos ou atrás de lareiras, churrasqueiras ou fogões a lenha.
Procure imunizar a casa anualmente. Verifique as condições do pitão e do arame, pois é comum acontecerem quedas de quadros por esse motivo, além de, eventualmente, danificarem caros objetos de decoração localizados abaixo deles – também sei de lamentáveis ocorrências a respeito.

Você agora já sabe o que pode prejudicar o seu quadro, mas é óbvio que ninguém vai deixar de ligar o aparelho de ar-condicionado para evitar expansão e contração de telas, e tampouco terá que climatizar a casa nos moldes dos grandes museus. Use o bom senso

fonte: www.pitoresco.com