Desde o inicio de junho constantes protestos em todo o Brasil acabaram em confrontos com policiais, deixando como vítimas não só manifestantes, mas, pessoas que passavam por perto.

Saiba como se proteger de situações de confronto policial, dentro e fora de casa.

manifestação

Livia é estudante de arquitetura e estava no intervalo da faculdade quando os confrontos violentos de 13 de junho – na região da Rua da Consolação, centro de São Paulo – se iniciaram.

A manifestação, inicialmente pacífica, pela queda do preço do transporte público, chegou à rua da instituição onde estuda “Fiquei presa na faculdade, fiquei trancada dentro do bar até às dez horas da noite”.

Ana também acabou passando pela mesma situação, mesmo sem ter participado do ato, no dia 6 junho, enquanto jantava na praça de alimentação de um shopping, na região da Av. Paulista, também da capital paulista “Foi horrível”.

Felipe estava na manifestação, no mesmo dia 13 de junho, e foi vítima das bombas de gás lacrimogênio, mesmo não estando junto ao pequeno grupo que enfrentou os policiais, a minoria envolvida nos casos de vandalismo “Estávamos pedindo para não ter violência, e eles jogaram as bombas na gente”.

Bombas de efeito moral, o que são?

bombasAs bombas de efeito moral – usadas para dissipar multidões, ou assustá-las, mas sem ferir ninguém – são feitas a partir de uma mistura química que, quando acionada, exala diferentes substâncias.

Elas podem ser desde nuvens de talco ou bombas de fumaça, com o intuito de dificultar a visão, passando pelos modelos flashbang, que emitem uma luz muito forte e desorientam temporariamente quem está próximo.

Temos ainda as mais conhecidas, que são as bombas de gás lacrimogêneo: essas irritam as mucosas dos olhos, nariz, boca e pulmões.
Como consequência dessa última, as vítimas podem espirrar, lacrimejar, tossir e até mesmo vomitar, em intensidades diversas, de acordo o tamanho da exposição.

Essas bombas, em teoria, não machucam, mas, o ex-militar (que prefere não ser nomeado) alerta “as explosões podem ser fortes o bastante para gerar contusões em quem estiver muito próximo, e o gás lacrimogêneo, em concentrações altas, pode ser fatal”.

Então, a primeira regra para evitar as chamadas bombas de efeito moral é evitar regiões de confronto.

No entanto nem sempre isso é possível. Muitas pessoas estavam presas em seus carros no transito, a caminho de casa ou mesmo na aula – como vimos – e também acabaram por sofrer as consequências das bombas de gás lacrimogênio. E não só nessas ocasiões que elas podem ser emitidas.

gas Tathiana, estudante de arquitetura, estava em uma festa universitária há quatro anos quando uma bomba foi lançada no meio da reunião, ela acredita que foi uma brincadeira de estudantes.

“Foi muito ruim, começamos a sentir a garganta pegar, tossíamos sem parar e chorávamos muito.
Não sabíamos o que estava acontecendo, quando uma amiga minha falou que tinham soltado uma bomba e que todos deviam sair imediatamente do prédio” a festa acontecia em um galpão fechado de escola de samba.

Então, se não for possível evitar essas situações, algumas precauções podem diminuir os efeitos do gás e de outras armas de efeito moral, como spray de pimenta e balas de borracha.

O que fazer?

O primeiro cuidado é manter a calma.
Em uma situação como essa é preciso sair do foco de emissão. Não tente neutralizar a bomba, saia de perto.

Procure uma área longe de conflitos e com ar fresco.
Faça isso com calma e não perca de vista o foco dos confrontos, isso evita que vá em direção de outros focos.
Fique atento.

gas lacrimogenioNão corra !  Ao correr a respiração se torna mais rápida e ofegante, com isso a inalação do gás é maior!

Não fique abaixado, o gás se acumula próximo ao chão, tente manter os olhos fechados e embebecer um pano em vinagre ou suco de limão (essas substâncias ácidas amenizam, mas não inibem os efeitos).

O ideal é fazer uma solução de meio litro de vinagre para meio litro de água e cobrir o nariz e boca com o tecido, isso ajuda a combater o efeito do gás.

Tente não tossir, isso também aumenta a inalação do químico.

Os gases causam sensação de ansiedade, então não entre em pânico, o sintoma costuma passar em cerca de 30 minutos.

Não utilize vaselina como proteção ou outras substâncias oleosas – como protetores solares ou cremes – elas retém os químicos emitidos que causam a sensação de queimadura na pele.
Por isso, cubra a maior parte do corpo possível para evitar a absorção, se possível, utilize tecidos impermeáveis.

Os cabelos também absorvem o gás, então procure mantê-los presos, ou até mesmo cobertos com chapéus ou lenços.

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Larissa Gould é jornalista e atua na área de arquitetura desde 2011. Também trabalha na área cultural e social, além de exercer trabalho voluntário. Mora em São Paulo/SP há quatro anos, mas nasceu no interior do estado. Atualmente escreve para uma revista, de circulação nacional, que engloba arquitetura, construção, interiores e paisagismo, além tocar projetos próprios nos seguimentos citados anteriormente.