Os nümeros finais continuam indicando o percentual de carbono assim:

– 5160 é um aço com 0,6% de carbono  e pequeno  percentual de cromo.
Muito usado em molas automotivas é  sem düvida  o principal aço do cuteleiro forjador iniciante e a preferência   de  muitos  forjadores  experientes.
E  um  aço  bom  de  se  trabalhar   e  que apresenta resultados  ótimos seja para uma espada seja para facas pequenas como skiners ou facas médias  e grandes.  Tudo  dependerá da  alma ( tempera e revenimento  ) que receber.

– 52100 é o aço com 1% de carbono e um pouco de cromo de que säo feitos a maioria dos rolamentos.
Encontrável em barras redondas e chatas e reciclado de pistas de grandes rolamentos  ou  esferas  de  grandes  diâmetros  tem  se  transformado em  uma  grande preferência dos cuteleiros brasileiros, principalmente para o forjamento.
E um aço de excelente custo benefIcio e que apresenta afiação e retenção de fio excelentes.

Outros aços com diferentes  nomenclaturas säo comumente usados como:

O1 —  ( diz-se ó um e näo zero um ) com 0,9% de carbono e que tem ainda Mn, Si, Cr e W em sua composiçäo, produz excelentes facas de fácil reafiaçäo e ótimo fio. Também encontrado sob a denominaçäo de VND.

D-2 —  já chega a 1,55% de carbono, tem 12% de cromo e ainda Vanádio e Molibdênio em sua composiçäo é um aço mais complexo para o cuteleiro mas produz excelentes facas.

K-100 ou VC-130 é um aço ferramenta com 2% de carbono, difIcil de desbastar, exige uma técnica mais apurada em sua têmpera como o pré aquecimento do óleo e um bom revenimento  mas produz  facas excelentes  quando  bem  trabalhado.

Se mal trabalhado pode gerar facas muito quebradiças  e de dificIlima reafiaçäo doméstica.
Normalmente  K-100 é a denominaçäo do importado  da Alemanha e VC-130 do similar nacional.

D-6 , VC-131, K-107 e Sverker 3 também säo aços similares apenas de procedências diferentes  e com cerca de 2% de carbono.

Aços inoxidáveis

knives021Os aços inox comercializados no Brasil säo poucos concentrando-se basicamente em dois.

420 —  que possui diferentes  percentuais de carbono conforme  a origem mas sempre  por volta de 0,3 a 0,4% e 12% de cromo, é um aço marginalizado por muitos cuteleiros mas se bem trabalhado pode chegar a 54HC de dureza que é uma dureza suficiente para muitas facas de cozinha e outros  usos menos  severos.  E bem resistente a oxidaçäo e de baixo custo.

440C —   é seguramente o aço inox mais usado  no  Brasil, com seus  0,95% de  carbono quando temperado adequadamente e passando por um tratamento sub-zero proporciona uma excelente  durabilidade  do fio bem  como uma afiaçäo muito  boa.
Dependendo  da origem pode ter um polimento mais difIcil para chegar no espelhado.

Sandvik 12 C 27, VG-10, ATS-34, BG-42, 154-CM, S30V säo alguns outros bons aços inox importados  usados  pelos cuteleiros  brasileiros com certa  frequência  e aplicados a suas peças.

Existem vários outros  aços e os cuteleiros  estäo  sempre  experimentando e procurando aços  que  proporcionem  bom  fio, fio durável,  flexibilidade da  lâmina,  fácil reafiaçäo  e outras qualidades que alidadas a beleza possam ser usados em suas criaçöes.

Outros materiais:

Näo é usual mas também encontramos laminas em talonite, cerâmicas de alumina ou zircônia, titânio e outros materiais.

Aços  Damasco  säo  aços  compostos  por  caldeamento  de  outros  diferentes  aços.

O cuteleiro pode fazer obras de arte fantásticas com esta técnica e produzir aços que aliem beleza,  flexibilidade  e  poder  de  corte  excepcionais.
Pela  complexidade  destes  aços deixaremos para explicá-los em capitulo a parte.

Lendas

The edge of the bladeEm todos os negócios existem os honestos,  os profissionais e os que procuram  os meios mais  fáceis  e  nem  sempre  corretos  para  venderem  seus  produtos  assim  existem denominaçöes que procuram levar o interessado a ter uma falsa expectativa quanto ao desempenho da lâmina.

– Alguns colocam a marca Solingen em suas facas para dar a impressäo de que säo feitas na Alemanha com bons aços.
Näo existe a marca Solingen na Alemanha pois Solingen é uma regiäo produtora de aços.
E muito diferente  quando  o fabricante  coloca a sua marca e cita: aço de Solingen.

Outros para evocarem  o poder de corte da lâmina colocam: “nAço cirürgico”. Perguntei a um amigo que é cirurgiäo plástico sobre o poder de corte dos bisturis de hoje e segundo ele como säo descartáveis  usam  aços ordinários,  alguns bisturis säo abertos  e jogados fora  de  täo  ruins,  outros  praticamente  serram  o  paciente  que  felizmente  está anestesiado.

– Fazer a tempera em noites de luas especiais ou usando sangue, urina, vinho ou outras substâncias esquisitas näo melhora a lâmina. Säo apenas espertezas de pessoas que näo sabem fazer corretamente entäo inventam estas conversas.

– Usar meteorito misturado ao aço é outra lenda  usada.

Alguns desonestos ainda fazem a faca em inox 420 mais barato  e gravam 440C na lâmina por isto é muito importante conhecer a idoneidade de seu fornecedor.

– Cortar cebolas e lavar a faca em água quente  näo estragam  o corte.
O que estraga o corte é usar a faca sobre superfIcies duras como porcelanas e vidros.

Togiharu & ShunHoje existem inümeros bons cuteleiros no Brasil.
Pessoas honestas trabalhadoras e com grande  conhecimento  técnico  para  a  produçäo  de  obras  de  arte  com  a  tecnologia necessária  e  adequada ao  bom  desempenho como  ferramentas de  corte.
Desconfie quando a conversa for para lados mIsticos e esotéricos  pois uma faca é composta  de aço e materiais  de empunhadura e fornituras  agrupados  com técnica  e arte,  somente isto.
Näo existe reza ou superstiçäo  que  possa  melhorar  uma  faca, apenas  o conhecimento técnico do artesäo  e a qualidade dos materiais empregados.

Esperamos tê-lo auxiliado fornecendo informaçöes básicas üteis para que tome uma boa decisäo e compre a ferramenta adequada a sua necessidade no entanto se ainda tiver düvidas entre em contato.