Principais causas de vazamentos :

Líquidos exercem para todas as direções a mesma força.

Por isso recipientes de formato retangular ou quadrado exigem muito da engenharia – e também do bolso do construtor – para não apresentar vazamentos ou até quebrar paredes e as lançar a vários metros de distância.

O formato ideal de um recipiente de líquido é sempre o de uma esfera.

Cisterna redonda

Vamos utilizar o formato redondo de um cilindro, assentado numa base horizontal, que forma o fundo da cisterna.

É válido em termos de custo e simplicidade construtiva, mas traz consigo o grande inconveniente de provocar uma deformação da parede cilíndrica da cisterna e uma tendência de ruptura entre a inserção da parede com a placa plana, horizontal da base.

Como prevenir: o arame que envolve a cisterna, numa cisterna de 16 m³ deve ter o diâmetro de 3,4 mm (BWG nº 10) e cada volta, até a altura de um metro, deve ter a distância não mais de 5 cm da próxima.

De um metro em diante, pode ser de 10 cm.

Importante a observar que o arame esteja bem esticado, o mais próximo da parede de cimento.
Se tiver uma folga, usar uma ferramenta, semelhante àquela que se usa na fabricação de estribos para o concreto armado, para esticar o arame.

A prática de aplicar a argamassa através da colher de pedreiro, pode contribuir para que a massa fique mais solta e não penetre o suficiente entre arame e parede.
Indicado é o uso da desempoladeira dentada de aço.

Presença da corpos estranho na argamassa

A argamassa usada na fabricação dos componentes da cisterna e no reboco, precisa ser uniforme e sem inclusões de corpos estranhos, compactações de argila, pedaços de raízes, folhas, insetos, etc.

Compactações de argila, comumente presentes na chamada “areia grossa”, retirada de leitos de riachos secos, em áreas de subsolo cristalino, pode causar sérios vazamentos.

Na cisterna recém construída a falha não se faz notar.

Mas com o passar de semanas ou meses, depois das primeiras chuvas, a água contida na cisterna e a umidade transmitida pela camada fina de reboco, atinge a concreção de barro, dissolvendo-o aos poucos, abrindo um canal de vazamento.

No caso de inclusões orgânicas o efeito pode ser mais enganoso ainda, dependendo da espessura do material incluso e da sua resistência à decomposição.

O processo é idêntico ao acima descrito: a camada fina de reboco transmite umidade à inclusão orgânica, que aos poucos se mineraliza, deixando a água passar.

Como prevenir: peneirar a areia com peneira conhecida como peneira de arroz e traçar a argamassa até ficar totalmente uniforme.

 Junções de placas ou anéis

As causas de vazamentos mais difícil de eliminar, são aquelas provocadas por distensões térmicas ou de carga.

Precisamos imaginar que a parede da cisterna é constantemente exposta às mesmas forças que a natureza utiliza para transformar pedras, rochas maciças, em pedaços menores e que, em consequência, se transformam em solos, a base da nossa vida.

A fina parede da cisterna é aquecida pelo sol durante o dia.
A parte acima do chão, durante o dia é aquecida de maneira desuniforme, primeiro, a parte da parede dirigida para o nascente recebe a luz solar que se transforma em calor, depois passa para tampa da cisterna e à tarde para a parede oposta.
A porção mais intensivamente exposta das paredes muda também com a mudança da posição do sol no decorrer das estações do ano.

Enquanto a parte superior da cisterna aquece, a parte enterrada mantém uma temperatura estável, de maneira que durante o dia se encontra mais fria e durante a noite mais quente.
A diferença das temperaturas ainda é fortemente influenciada pela quantidade de água existente na cisterna.
A água serve como “amortecedor” da temperatura, fazendo com que a porção da parede atingida pelo nível da água aquece menos do a porção mais alta, vazia.
A força de diferença térmica, repetida, cria tensões na parede da cisterna que podem resultar em rachaduras capilares, normalmente invisíveis ao olho nu.

A propriedade física de qualquer artefato à base de cimento, contribui para o aparecimento de fendas:

é a sua reduzida capacidade de suportar tração e torção, embora tenha alta resistência à compressão.

Como prevenir: envolver a cisterna, antes da aplicação do arame, com uma tela, conhecida de galinheiro.

O arame compensa somente as forças horizontais e, de maneira insuficiente, algumas diagonais, mas não as forças verticais.