Falar sobre dinheiro costuma ser encarado como uma espécie de tabu – ainda mais se o assunto for colocado na mesa de jantar entre os familiares.

Para se ter uma ideia, apenas sete em cada dez brasileiros (quase 70%) conversam em família sobre temas financeiros, segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Conforme o levantamento, esse percentual só não é maior porque uma parcela de 12% dos pais acredita que os filhos ainda são muito jovens para participar da conversa.

Detalhe: 19% dos entrevistados nessa pesquisa confessam que não desenvolvem esse tipo de papo com os filhos.

Embora seja difícil abordar o assunto dinheiro com as crianças, é fundamental que elas aprendam desde cedo a lidar com as finanças.

Mas como fazer isso? Quais métodos usar?

Não tem uma receita de bolo. O que existem são caminhos que você pode adotar com os pequenos.

Filhos: Ensinando o Valor do Dinheiro

dinheiroO primeiro passo é ensinar o valor do dinheiro, mas sem muita formalidade para não deixar a criança entediada.

Aproveite, por exemplo, uma ida ao supermercado para explicar como o dinheiro é trocado por produtos.

Nesse exercício, em vez de usar o cartão de débito ou crédito, opte por dinheiro em espécie. E na hora em que estiver selecionando o que vai comprar, deixe uma pequena quantia com a criança para ela escolher uma mercadoria.

Essa experiência vai ajudá-la a ter noção de quanto representa aquele valor e o que dá para adquirir com R$ 5 ou R$ 10, por exemplo.

Outra sugestão é estimular jogos que lidem com administração financeira, como Banco Imobiliário.

Nesse caso, a criança vai perceber que o recurso dinheiro é finito, ou seja, acaba porque, ao iniciar a brincadeira, ela recebe uma quantia fixa que deve gerenciar bem para não ir à falência.

Falar sobre finanças com as crianças demanda tempo e é preciso estar preparado para as perguntas dos pequenos.

Seja sempre sincero nas respostas, mas cuidado para não transformar o papo descontraído em uma brecha para lamentações.

O que isso significa? Se você estiver cheio de dívidas, evite detalhar o problema às crianças.

É importante explicar sobre os débitos, mas sempre apontando soluções. Ou seja, dizer que está endividado só vai deixar a criança preocupada, se não houver um esforço em mostrar que o problema pode ser resolvido.

Estimule a Poupança na sua Conversa com os Filhos

cofrinhosPara crianças menores, de até 5 ou 6 anos, a recomendação é começar as lições sobre dinheiro mostrando as moedas e as cédulas – inclusive que elas podem ser trocadas por produtos nas lojas e nos supermercados.

A partir dos 6 ou 7 anos, a criança já pode receber a semanada ou mesada. Mas qual escolher?

Não existe uma regra, o importante é que seja adaptado a sua realidade.

Quem tem salário mensal, pode escolher a opção da mesada e entregar a quantia à criança no começo de cada mês.

Já os pais que não têm salário fixo ou recebem rendimentos de diversos lugares podem optar pela semanada.

Abrir uma conta poupança para a criança também ajuda nas estratégias para explicar a importância do uso consciente do dinheiro.

Nesse caso, é importante explicar que, mensalmente, uma quantia está sendo economizada para que lá na frente algum objetivo ou sonho seja concretizado.

A dica aqui é fazer, sempre que possível, a operação com o filho junto. A experiência vale, inclusive, para mostrar aos pequenos como funcionam os serviços no banco.

Outras Dicas de Educação Financeira para Crianças

O mais importante no diálogo com os filhos sobre dinheiro é a transparência, sem tornar o assunto chato ou cansativo.

moedas criançaComo expliquei, os jogos e as brincadeiras são estímulos para os pequenos aprenderem de maneira divertida a gerenciar os recursos financeiros.

Já a mesada ou semanada é uma forma de você mostrar à criança que ela pode juntar aquele dinheirinho e, com o tempo, realizar algum sonho, como comprar uma bicicleta.

Por fim, e não menos importante, é fundamental ensinar aos pequenos que a doação deve fazer parte da nossa relação com o dinheiro. Você pode estimular, por exemplo, a criança a separar uma parcela da mesada para levar a uma instituição de caridade.

Assim, ela aprenderá algo extremamente importante não só na forma como lidamos com dinheiro, mas essencial para a vida: o ato de dividir e compartilhar.

Autoria: Danylo Martins é jornalista especializado em finanças e criador do blog Economia sem Enrosco.