Turismo Gastronômico: Região Nordeste Parte I

A culinária da Região Nordeste recebeu influências da cultura da cana-de-açúcar e dos escravos negros que nela trabalhavam, e consumiam partes pouco nobres de boi, porco e frango. Vale um turismo gastronômico. Os índios, por sua vez, marcaram-na com seu hábito de comer raízes, como inhame e mandioca (ou macaxeira). Somam-se a essas influências os peixes e frutos-do-mar característicos das cidades costeiras: todos os estados nordestinos tem litoral. Para fechar, a ampla variedade de frutas típicas, como a graviola, a mangaba e o taperebá servem doces e sobremesas muito tradicionais.[clear]

Aqui apresentamos um roteiro gastronômico para quatro dos nove estados do Nordeste do Brasil. Aguarde a segunda parte com os outros cinco.

[h2 type=”2″ width=””]Roteiro Gastronômico da Bahia[/h2]

Dona de algumas das receitas mais peculiares do país, na Bahia existem pratos que não se encontram em nenhuma outra parte do Brasil.

Tudo é bem temperado. O azeite de dendê, vindo da África, reforça a predominante influência negra na culinária baiana. Nigéria, Costa do Marfim, Congo, Moçambique e Angola estão salpicados nos sabores, já tornando a comida em si um próprio turismo gastronômico.

acaraje
Acarajé

Salvador é apenas a capital de hábitos culinários comuns à toda Bahia, com vatapás, carurus, moqueca baiana, feijoada de frutos do mar, abará e acarajé, que em 2004 se tornou patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

A Praia do Forte é um ótimo lugar para comprar cachaças artesanais, manteiga de garrafa, pimentas, licores de frutas locais (jambo, cajá, jenipapo) e as famosíssimas cocadas.

As cidades de Luiz Eduardo Magalhães, no oeste do estado, e de Prado, no litoral sul, realizam festivais gastronômicos misturando suas culturas culinárias com outros temas. Em certa edição, por exemplo, a comida pradense ganhou nuances da caribenha.

Ilhéus, uma das principais cidades da Costa do Cacau, é parada obrigatória para apreciar um bom chocolate.

Na ilha de Boipeba, próxima a Morro de São Paulo, as especialidades são a lagosta e o camarão; ali perto, na Baía de Camamu, os extensos manguezais produzem mais matéria-prima para o cardápio: ostras, caranguejos, pitus, tainhas, robalos e lambretas.

[h2 type=”2″ width=””]Alagoas: Turismo Culinário por Toda Parte[/h2]

Apesar de ser o segundo menor estado em extensão territorial do Brasil, Alagoas é um dos mais ricos em culinária. Além dos pratos comuns a todo o Nordeste, como galinha ao molho pardo e carne de sol com fava, é possível encontrar carnes de búfalo e avestruz.

Na Costa dos Corais, além de moquecas e lagostas, degusta-se especialidades bastante particulares, como o maçunim ao leite de coco. O bolinho de goma, também chamado de sequilho, tem forma de concha e é uma das manias da região.

sururu de capote
Sururu de Capote

Na região de Lagoas e Mares do Sul o forte é o Sururu de Capote, feito a partir do molusco retirado das lagoas e servido com casca e tudo. Seu caldo dá origem ao pirão.

Além dele, o local é especialista em fritadas de siri, carapeba frita, patinha de uçá e agulhinha frita. É um peixe que só consegue ser capturado em noites sem lua. Os barcos margeiam as praias, acendem lanternas e os atraem espontaneamente para dentro dele.[clear]

[h2 type=”2″ width=””]Especialidades de Alagoas[/h2]

O guaiamum, tipo de caranguejo, é retirado dos manguezais. Depois colocados em pneus e alimentados com manga e coco, de modo a limpar sua carne e torná-lo mais saboroso.

Nessa região fica a cidade de Massangueira, considerado um dos maiores pólos de gastronomia nordestino.

Às margens do Rio São Francisco, no sertão de Alagoas, as cidades servem sarapatel, charque na brasa com fava e pituzada, feito com molho de coco e servido com arroz e pirão.

O pitu também é um prato típico da cultura quilombola, além da feijoada.

Maceió possui pontos com gastronomia especial: é o caso de Riacho Doce. Lá são feitos muitos bolos de tabuleiro feitos em forno à lenha. Alguns enrolados em folhas de bananeira. Os doces vão do pé-de-moleque ao bolo de massa puba, além das compotas de diversas frutas.

Tapiocas são o quitute clássico das praias de Jatiúca, Ponta Verde e Pajuçara. A cachaça Azuladinha é a vedete de Alagoas e vem com pedaços de laranja.

[h2 type=”2″ width=””]Em Pernambuco, o Terceiro Pólo Gastronômico Brasileiro[/h2]

Milho, frutos-do-mar, peixes e carne-de-sol são apenas alguns dos ingredientes que fazem de Recife o terceiro pólo gastronômico do país.

bolo de rolo
Bolo de Rolo

Dobradinha, mão-de-vaca, macaxeira com charque, carne-seca com jerimum, sarapatel, canjica e pamonha. Eles definem a paisagem culinária da capital. Sem falar nos nacionalmente conhecidos bolo-de-rolo e bolo Souza Leão.

Banana frita com queijo, canela e açúcar fazem outra sobremesa famosa: a Cartola.

Em Olinda o grande programa é comer a tapioca do Alto da Sé. Assistindo ao pôr-do-sol.

Aliás, a tapioca – junto com a rapadura e o mel de engenho, saboreado com queijo coalho – são as atrações das cidades de Gravatá, Bezerros e Caruaru. Além de outras iguarias derivadas do milho, como a canjica e a pamonha.

Essas três cidades são palco do Festival Gastronômico do Agreste. Ele acontece em novembro ou dezembro de cada ano.

[h2 type=”2″ width=””]Viagem Gastronômica em Sergipe[/h2]

A culinária de Sergipe reúne alguns dos pratos típicos de outros estados nordestinos, como a carne-de-sol servida com feijão verde, sarapatel, galinha de cabidela, a buchada e muito camarão com leite de coco.

sarapatel
Sarapatel

 

As particularidades ficam por conta do cuscus de milho, ovo de capoeira, o mingau de puba e o guaiamum.

As praias do Saco e Abaís, no litoral sul de Sergipe, uma iguaria original. Moqueca de siri na palha de ouricuri, espécie de palmeira-anã.[clear]

Na área de Nossa Senhora da Glória, a maior bacia leiteira do estado, a grande pedida são os queijos e laticínios locais, é claro. Há cooperativas especializada na produção de alimentos a partir do leite de cabra – incluindo doce de leite.

No caminho dessa cidade para a de Monte Alegre são vendidos os famosos doces de Dona Nena – cerca de 25 tipos diferentes. O sucesso é tão grande que ela estima vender 10 quilos diários de cocada. A ambrosia chega perto.

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No sertão sergipano encontra-se pratos típicos da mesma região em outros estados. Mas a ênfase está na carne-de-sol com pirão de leite. O arroz-doce, o beiju de tapioca, o pé-de-moleque e a batata-doce são servidos mesmo no café da manhã.

A cidade de Piranhas, à beira do Rio São Francisco, é o lugar da coroa-de-frade, doce à base de cacto nativo. Entre as frutas características de Sergipe estão a graviola, a mangaba, a siriguela, a pitanga e o araçá. Elas vem em forma tanto de doces, sorvetes como de sucos.

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Joana Coccarelli
Joana Coccarelli é jornalista com foco em design, arquitetura, paisagismo, cultura e consumo.

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