Um turismo gastronômico pela Região Norte do Brasil logo revela que esta é a área mais dominada pela cultura indígena e com menos influência europeia. Conheça agora os principais pólos gastronômicos de cada um de seus sete estados.[clear]
Por conta da ampla biodiversidade local, com muitas espécies animais e vegetais exclusivas, as culinárias do Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá, Tocantis e Pará são consideradas as mais exóticas do país.
Apesar de também ter sofrido colonização portuguesa, a Região Norte, por conta de sua extensão e floresta densa, foi a que menos absorveu os costumes lusitanos.
[h2 type=”2″ width=””]Culinária no Estado do Amazonas[/h2]
O Estado do Amazonas comporta a maior parte da extensão do Rio Amazonas. Logo o estado com o mesmo nome encontra a tônica de sua culinária nos peixes que ali vivem.
Mais de duas mil espécies encontradas em suas águas. Destacam-se o tucunaré, o tambaqui, o pacu e o pirarucu, que são preparados das mais diversas formas.
Uma das mais típicas é a caldeirada acompanhada por tucupi. Trata-se de um caldo feito a partir da fermentação da mandioca.
Quando os peixes são assados ou fritos, servem-nos com baião-de-dois (feijão misturado ao arroz e cheiro-verde) e farinha de uarini.
As frutas mais encontradas são a pupunha, o biribá, o araçá-boi, graviola, cupuaçu, o açaí, o tucumã e o patauá.
O tucumã, aliás, está presente no café-da-manhã amazonense. Ele vai com pão francês e queijo coalho. É o x-caboquinho, encontrado em muitas cidades amazonenses.
Também recheia a tapioca, cuja versão pode ser saboreada nas cidades de Rio Preto da Eva, Presidente Fiqueiredo e Manacapuru.
Fique de olho nessas cidades. Presidente Figueiredo, por exemplo, abriga a Festa do Cupuaçu (abril) e o Torneio de Pesca do Tucunaré (novembro). Que inclui, é claro, um festival gastronômico a partir do peixe.
A caldeirada de tucunaré serve sua posta com cebolas, pimentões, ovos, batatas, tomate, coentro e sala, mais pirão. Em Rio Preto da Eva também existe a Festa da Laranja, que acontece em agosto.
A melancia, acredite, é muito consumida no Amazonas. A localidade de Iranduba, a 25 km de Manaus, tem uma festa em homenagem à fruta em outubro. E o Festival do Bodó com Farinha em novembro.
[h2 type=”2″ width=””]A Famosa Parintins[/h2]
Talvez a mais célebre das cidades amazonenses depois de Manaus, Parintins não se resume às equipes dos bois Caprichoso e Garantido. Sua mesa se especializou no tambaqui moqueado, no pirarucu assado, pato de tucupi, caldeirada de bodó, bodó assado no vinho e nos bolinhos de piracuí.
Lá existem espécies ainda mais particulares de peixes, como o jaraqui, tamuatá, matrinxã e curimatã, que chegam à mesa em forma de assados, muquecas, caldeiradas e bolinhos.
Na maior parte das cidades desse que é o maior estado do Brasil você degusta o popularíssimo pirarucu de casaca, frito no azeite, fatiado e servido com batatas refogadas, banana frita, farofa, ovos cozidos e leite de coco.
[h2 type=”2″ width=””]Turismo Gastronômico nas Cidades do Amapá[/h2]
Como também é banhado pelo Rio Amazonas, os peixes encontrados no Amapá são praticamente os mesmos servidos no estado do Amazonas.
Mas aqui o tucunaré tem jeitinhos próprios de ser servido. na nata ou recheado. O pirarucu é preparado ao leite de castanha.
Com sua maior força na pesca, as localidades de Porto de Santana, Ilha de Maracá, Vila do Sucuriju, Costa do Amapá, Foz do Cassiporé e Arquipélago do Bailique são verdadeiras mecas. Lá você encontra para pratos feitos a partir da gurijuba, cará, piramutaba, jiju, piranha, sarda, traíra, tucunaré, pirapitinga e do camarão, como o rosa.
Alguns dizem, inclusive, que o estado possui o maior banco de camarões do planeta. Uma forma bem típica de saboreá-los é ao molho de tucupi.
As frutas mais usadas para sucos e sobremesas são o pequiá, o mucajá, o bacuri e o murici.
Muito presente na mesa do Amapá está a mandioca. Ela chega em forma de maniçoba. Trata-se da raiz misturada com peixe ou carne, pimenta e sal, e a rosquinha de carimã.
O pato no tucupi também é um símbolo da gastronomia local. Prova disso é o seu grande consumo durante o famoso festival Panela do Amapá. Lá, as delícias do estado são vendidas numa enorme maloca.
Uma das vedetes do Panela do Amapá, inclusive, é a geginbirra, bebida fermentada feita de frutas, açúcar, gengibre e ácido tartárico. Típico da região do Rio Curiaú.
[h2 type=”2″ width=””]A Pesca no Amapá[/h2]
Porto de Santana, Ilha de Maracá, Vila do Sucuriju, Costa do Amapá, Foz do Cassiporé e Arquipélago do Bailique são conhecidas pela pesca. São verdadeiras mecas para pratos feitos a partir da gurijuba, cará, piramutaba, jiju, piranha, sarda, traíra, tucunaré, pirapitinga. E, é claro, dos camarões, como os rosa.
E no meio de tanto exotismo gustativo, o muito familiar abacaxi é homenageado nos meses de setembro no município de Porto Grande. Lá se produz mais de um milhão dessas frutas todo ano.
[h2 type=”2″ width=””]A Cozinha do Estado de Roraima[/h2]
Roraima é o estado com a menor densidade demográfica do Brasil; portanto a variedade de pratos e localidades com cozinha específica é menor, mas não menos interessante.
Boa parte de seus hábitos alimentares se assemelham ao do sertão nordestino, com paçoca, carne de sol, guisado de galinha, galinha caipira e tapioca de goma de macaxeira.
Variações locais para essa tendência é o chibé com carne assada, ou seja, carne de sol assada na brasa com um pirão de farinha com água; o picadinho de carne de sol na nata do leite; e torta de carne de sol.
Uma de suas peculiaridades gastronômicas é o peixe moqueado – ou seja, assado no espeto – coberto com caldo de folhas de pimenta malagueta e jiquitaia (farinha feita de pimentas moídas).
Embora Boa Vista, capital do estado, concentre tudo o que pode ser encontrado no interior, o peixe moqueado é mais facilmente encontrado em malocas do que em restaurantes.
A torta de peixe bodó e a mojica de peixe também são bastante consumidas.
Em Bonfim, divisa com Guiana Francesa, a pedida é a paçoca com banana, que consiste na carne de sol ou charque batida no pilão com farinha e banana.
Por todo o estado é possível beber vinho de buriti e sucos de aluá, bacaba e pajuaru.
[h2 type=”2″ width=””]Receitas Típicas do Acre[/h2]
O estado do Acre sofreu forte influência síria e libanesa, além de paraense e nordestina.
Por conta disso sua cozinha tradicional é composta por pratos que vão do quibe e do tabule ao baião de dois e tacacá. Mas com um toque bem especial.
É o caso do muito popular quibe de arroz e mandioca, por exemplo.
O tambaqui também encontra sua versão típica local, o premiado tambaqui acreano. Ele utiliza as costelas do peixe em sua receita.
O quitute mais celebrado no Acre, no entanto, é a baixaria. Feito a partir de uma receita descomplicada – farinha de milho, carne moída, ovo frito e cheiro-verde – é amplamente consumido no café da manhã.
Como faz fronteira com a Bolívia, o Acre “importou” de lá a saltenha. É um salgado que já se tornou típico do estado. Encontra-se sua versão frita ou assada.
A cidade de Xapuri é famosa por seu pão de milho e pelo seu mingau de banana da terra.
Já em Cruzeiro do Sul, referência nacional da produção de farinha, você encontra uma grande variedade de receitas a partir do alimento, de bolos e biscoitos a tapiocas.
[h2 type=”2″ width=””]Rondônia e seu Cardápio Tradicional[/h2]
A exemplo dos demais estados da Região Norte, Rondônia também baseia sua culinária nos frutos locais. Em especial o buriti e o guaraná, e nos peixes naturais dos rio da Bacia Amazônica.
Mas Rondônia tem uma característica especial. É o maior produtor de peixe em cativeiro do país, exportando para doze estados.
Portanto nas cidades cuja economia se baseia nessa atividade, como Ji-Paraná, Rolim Moura e Pimenta Bueno, pratos com peixes são a especialidade. Particularmente o tambaqui e o pirarucu.
Em novembro, inclusive, a localidade de Cacoal promove o festival Cacoal Sabor. Ela exalta a extraordinária produção da região central de Rondônia.
Um dos segredos do sucesso para a pureza dos peixes é a temperatura da água dos criadouros. Ela sofre muito pouca variação, já que o clima local é bastante estável.
[h2 type=”2″ width=””]Viagem Culinária pelo Estado do Pará[/h2]
Embora também seja utilizada na cozinha de outros lugares do país, a castanha-do-pará encontra seu domicílio original no estado do Pará.
O festival gastronômico Ver o Peso da Cozinha Paraense, serve várias receitas a partir dessa frutinha. E do açaí, que brilha ainda mais forte no cardápio local.
O açaí é aproveitado em diversas receitas que vão do café da manhã ao jantar. A ilha do Combu é uma grande produtora do fruto. Seus bares e restaurantes oferecem opções intermináveis de pratos feitos a partir dele.
A maniçoba, ou feijoada paraense, é um belo exemplo de um sabor característico do Pará. Demora uma semana para ficar pronta e mistura partes do porco às folhas moídas da mandioca brava. É servido com arroz, pimenta e farinha.
Outras duas iguarias famosas são o tacacá e o jambu.
[h2 type=”2″ width=””]Pratos Marajoaras[/h2]
A Ilha de Marajó é um espetáculo à parte, com pratos exclusivos. A carne de búfalo, cuja criação é a tônica da economia local, não é o único ingrediente que torna a culinária marajoara singular.
Apesar do frito de vaqueiro e o filé marajoara serem feitos dela, ainda há o leite de búfala, que dá origem ao celebrado queijo de Marajó e sua coalhada.
Uma sobremesa perfeitamente adaptada é o Romeu e Julieta do Marajó, composta por doce-de-leite de búfala e queijo do Marajó.
Mas uma das pedidas mais exóticas é, sem dúvida, o turú, um molusco que vive nos mangues da Ilha. Eles são servidos em forma de sopas ou de um prato chamado mujica afrodisíaca, um caldo feito do próprio turú mais pedaços do peixe arraia, tucupi, ovo cozido e farinha de piracuí.
Como se trata de uma ilha, não poderia faltar um prato especial de peixe no cardápio. É o caso da caldeirada marajoara, que leva pedaços de peixe, tucupi, jambu e pirão de camarão para acompanhar.
[h2 type=”2″ width=””]Roteiro Culinário no Tocantins[/h2]
Até 1988 Tocantins integrava Goiás. Portanto, além da influência indígena, negra e portuguesa, o estado também oferece elementos das cozinhas paulista, mineira e nordestina.
As grandes atrações do cardápio do Tocantins são o peixe na telha e a tigelada de guariroba. Também o doce de banana à moda tocantinense e o arroz cirigado (ou arroz Maria Izabel).
Os diversos pratos da culinária do Tocantins são: arroz cirigado também conhecido como arroz maria-izabel, arroz com pequi, biscoito de polvilho, feijão-de-tropeiro, galinhada, pamonhada, peixe na telha, tigelada de guariroba, doce de banana à moda tocantinense, entre outras.
[box type=”mais” align=”left”]
[h3 type=”2″]Artigos desta Série[/h3]
[/box]
Evidentemente Palmas, a capital do estado, dispõe de toda a riqueza culinária do interior. Mas o ponto alto da cozinha local fica mesmo por conta do Festival Gastronômico de Taquaruçu. Ele acontece no mês de setembro e este ano premiou uma delícia típica, o strongue de surubim.
Outro prato muito servido nas cidades de Tocantins é a Galinha Caipira do Rio Azuis.
Já em Tocantínia, a 70 km de Palmas, há a tradicionalíssima Festa do Berarubu. É centrada na preparação da cabeça de boi enrolada em papel laminado e palha de banana e enterrada num buraco na terra.
O prato demora 16 horas para ficar pronto. É servido com arroz e um molho feito de tomate, pimenta de cheiro, cebola e alho.