Reprodução das Samambaias!

Cultivo e reprodução das samambaias

Entre as plantas mais antigas do mundo estão um grupo conhecido como Pteridophyta, que são vegetais vasculares que não produzem flores, frutos ou sementes.

As plantas são compostas por raiz, caule e folhas, constituindo-se num cormo e neste grupo estão incluídas as samambaias.

Dentre as samambaias mais conhecidas estão as avencas (Adianthum)escadinha-do-céu (Nephrolepsis)samambaia-prateada (Pteris) e o xaxim (Dicksonia sellowiana).

Em lugar de flores e sementes estas plantas se reproduzem por esporos.
Na natureza é assim que acontece, mas em cultivo nem sempre ocorre, pois as condições ambientais podem ser diferentes e algumas destas plantas tornam-se estéreis.

Outras formas de reprodução são a divisão de touceiras, divisão de rizomas, por bulbilhos e filhotes.

[divider]

Ciclo de reprodução da samambaia: descrição técnica

O ciclo reprodutivo das samambaias tem duas fases: um estágio assexuado onde a planta é portadora de esporófitos, comum à maioria das plantas cultivadas.
O esporófito produz esporos que se utilizam do vento para a dispersão.
São pequenas estruturas que contêm cápsulas com esporângios, que ao ficarem maduros são libertos.
Conseguimos visualizar este estágio, parecem micro bolinhas marrons pulverulentas, na parte inferior das frondes das avencas e samambaias.

esporosOs esporos tem a metade do número cromossômico (n) do esporófito (2n) e quando são dispersados e encontram condições favoráveis no solo ou sobre outras plantas irão germinar, desenvolvendo estruturas parecidas com raízes.

São chamados agora de protalo e este vive muito pouco tempo, mas produz os gametas que darão origem a uma nova plantinha. Há então a produção de estruturas sexuadas, uma feminina chamada de oosfera e outra masculina, de nome anterozóides.
A fecundação ocorre quando há umidade suficiente, pois é preciso a presença da água e o produto será o zigoto que terá então o número de cromossomos necessário (2n). O protalo proporciona a energia ao ovo fertilizado enquanto o embrião se desenvolve.

[divider]

Como fazer a propagação por esporos

Os esporos das espécies de clima tropical amadurecem no final do verão.
Os soros, estruturas que contêm os esporos são visíveis na página inferior das frondes, assumindo uma coloração marrom quando maduros, de aparência veludosa.

Para conseguir fazer a propagação, colocar embaixo da folha um papel ou pedaço de tecido. Sacudir a fronde e junto irão cair partes das estruturas secas que não deverão ser usadas.
Procurar transferir para um papel limpo, não deixando cair os resíduos que poderão contaminar e propiciar o desenvolvimento de fungos, comprometendo o sucesso do trabalho.
Passar os esporos numa solução a 10% de hipoclorito de sódio (água sanitária) e água destilada, depois lavar com água pura morna, quase quente.
Colocar sobre papel filtro e semear após secagem.

[divider]

Substrato de semeadura

O substrato mais simples de semeadura é uma mistura de turfa, musgo seco e areia de construção, lavada e limpa, em partes iguais.
Faça a desinfecção do composto com água fervendo, misturada com hipoclorito de sódio a 10%.
Cubra com plástico para evitar a contaminação e deixe esfriar.

Coloque as sementes num papel dobrado e semeie o mais uniforme que conseguir.
Cubra com plástico novamente e mantenha em cultivo protegido. O substrato deverá ser mantido levemente úmido, mas não encharcado.

Após algum tempo, cerca de 30 semanas, haverá na superfície do substrato o aparecimento de uma camada verde aveludada que são os protalos jovens.
Caso sua aparência seja viscosa, ele estará contaminado com algas e a maioria dos produtores costuma descartar o material.
O musgo, devido ao ambiente propício, costuma rebrotar também e deverá ser retirado com pinça, delicadamente.

[divider]

Transplante dos protalos ou mudas

protaloQuando estiverem maiores, separar os protalos em pedaços e colocar em vasos com cultivo coletivo, com substrato esterilizado, como casca de arroz carbonizada.

Coloque sob folha de plástico e deixe em local iluminado, mas longe da luz do sol.

Nesta fase é conveniente borrifar com água onde foi dissolvido adubo granulado formulação NPK 10-10-10, 1 colherinha de chá para um litro de água em temperatura ambiente. Dissolver bem o adubo, colocar em aspersor de jato bem fino e regar.

[box type=”mais” align=”right”]
[h3 type=”2″]Nesta série:[/h3]

[/box]

 
 
Quando estiverem grandes o suficiente para serem manuseados, transplantar para vasos individuais.
Adube novamente com a formulação recomendada e mantenha sob luz difusa de cultivo protegido.

Levará cerca de 2 a 3 anos, dependendo das condições climáticas, para que atinjam o tamanho suficiente para os vasos irem para o ripado em cultivo protegido com sombra de 70%.

Picture of Eng. Agr. Míriam Stumpf
Eng. Agr. Míriam Stumpf
Miriam Stumpf é engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ministra aulas de jardinagem e paisagismo sustentável e é autora de vários livros, entre estes o Guia de Produção para Plantas Medicinais, aromáticas e flores comestíveis. Faz projetos de paisagismo sustentável.

Veja também!

A ciência do sono, um campo cada vez mais vital da pesquisa médica e psicológica, oferece insights fascinantes sobre como...

Colorir é uma atividade que vai além do simples ato de pintar: é uma forma de relaxamento e uma maneira...

A Jade Vermelha, ou Mucuna bennettii, é uma planta exótica e visualmente impressionante, muito apreciada em jardins tropicais por suas...