Ikebanas são mais do que belíssimos arranjos orientais de flores. Apesar de terem sido criadas na Índia, os japoneses as transformaram num símbolo nacional, levando-as além. Com o tempo diferentes escolas se formaram e desenvolveram formas específicas de combinar as plantas. Conheça-as agora e confira vários exemplos para se inspirar.
O que são ikebanas
Em japonês a palavra “ikebana” significa simplesmente “flores vivas”. No início era uma forma de homenagear os deuses e enfeitar altares, mas com os séculos se tornou a arte de harmonizar um ambiente utilizando arranjos.
Na época de ouro dos samurais os guerreiros criavam ikebanas como forma de desenvolver concentração, sensibilidade e observação para o uso de armas. Ou seja, não era uma atividade atribuída apenas às mulheres.
No Brasil essa tradição chegou com os colonos japoneses e aqui a escola Ikenobo foi a primeira a se estabelecer fora do Japão.
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Escolas de ikebana
Ao longo dos séculos a prática da ikebana foi se transformando e ganhando novos significados. Isso se refletiu sobre a forma com que esses arranjos eram feitos e sobre a escolha dos vegetais. Elas são:
- Ikenobo
- Ohara
- Sanguetsu
- Osogetsu
Escola Ikenobo de ikebanas
Ikenobo é a escola mais antiga de ikebanas e data da época em que os arranjos eram devocionais, para fins religiosos. Assim é considerada a mais tradicional.
Foi criada pelo grande mestre Senkei Ikenobo na cidade japonesa de Kioto há mais de 500 anos. A principal característica desse estilo é o uso de galhos que saem simetricamente de uma base, chamado Rikka.
Ikenobo Rikka
No geral o estilo Rikka expressa a harmonia dos diferentes elementos da natureza num só arranjo. Aqui árvores simbolizam montanhas enquanto folhas e flores simbolizam a água.
Ikenobo Rikka é dividido em dois sub estilos: Rikka Shofutai e Rikka Shimputai.
Rikka Shofutai
De forma digna e respeitoda, objetiva explorar a beleza de cada espécie de plantas ali envolvidas. É conhecida pela complexidade dos arranjos, que em geral possuem 7 ou 9 yakuedas, ou seja, estruturas principais.
Rikka Shimputai
Variação contemporânea da tradicional Rikka Shofutai, foi apresentada ao mundo em 1999 pelo mestre Sen’ei Ikenobo.
Aqui as regras rígidas foram substituídas pela busca de movimento como resultado final. O importante é a expressividade ao invés de uma determinada forma final.
Rikka Shimputai valoriza o comprimento dos ramos e o frescor das plantas. Elas devem estar radiantes, bem definidas e surpreender pela combinação das flores escolhidas.
Ikenobo Shoka
A escola Ikenobo de ikebanas também se desdobrou em outro estilo, posterior ao Rikka. Ele se chama Shoka e prima pela combinação de três espécies florais que estão fixas à terra e crescem apontando bem para cima.
Assim como a Rikka, Shoka também possui duas variações.
Shoka Shofutai
São ikebanas menores, divididas em três partes que representam o céu, a terra e a humanidade. Os três elementos eram considerados os fundamentais para a existência durante o período Meiji.
Shoka Shimputai
Assim como a Rikka Shimputai, Shoka Shimputai é um estilo moderno de ikebana também apresentada ao mundo pelo mesmo mestre Sen’ei Ikenobo, só que em 1977.
Esse jeito de montar ikebanas é mais simples para a compreensão dos ocidentais. Os principais valores observados nos arranjos são cor, forma, textura, extensão das folhas e movimento das hastes.
Freestyle
Sim, a escola Ikenobo também originou a forma livre de se criar arranjos de ikebanas, hoje chamada de, em inglês, freestyle. Neste caso não existem regras. O que vale é experimentar com as formas e texturas dos vegetais.
Ikenobo freestyle é mais permissivo. Ao invés de decorar altares, janelas ou jardins, pode ser usado para ornar ambientes internos comerciais, tais como eventos, vitrines de lojas e palcos.
Aqui o vaso azul dialoga com as pequenas flores. Além disso a silhueta das hastes se apoiando nas quinas do vaso são um encanto à parte.
Escola Ohara de ikebanas
Na Ohara galho e flores formam um tipo de pilha. Foi criada por Unshin Ohara no período Meiji (1852 a 1912), quando o Japão lentamente se abria ao Ocidente.
Unshin originalmente desejava ser escultor. Contudo, como sua saúde não permitia, acabou se tornando um dos maiores mestres da ikebana.
O estilista floral chocou a sociedade da época, já que o formato Moribana, criado por ele, se assemelhava a uma pilha de gravetos. Por isso os vasos utilizados são rasos, mais horizontais.
No entanto também possui sua versão shoka, que se aproxima mais da tradição formal, com vasos mais estreitos e verticalizados.
Escola Sanguetsu de ikebanas
Idealizada por Itsuki Okada a partir da filosofia de sua mãe, Mokiti Okada, na primeira metade do século XX. Aqui a ideia central é deixar que as ikebanas tenham aspecto mais próximo ao natural possível. A expressão da natureza é mais importante do que a imposição da forma.
Tamanhos e silhuetas não são modificados; flores e galhos são usados do jeito que foram encontrados no meio ambiente. O resultado é mais rústico e espontâneo, acreditando-se, assim, elevar a alegria e o espírito do ser humano.
Esse é o estilo de ikebana que mais valoriza as flores, uma vez que no pensamento de Mokiti Okada a beleza é capaz de melhorar a qualidade emocional das pessoas. Sua filha foi a primeira a recomendar a ornamentação de locais de trabalho com esses arranjos.
A filósofa japonesa dizia que “Onde há flor, aflora luz”.
Escola Osogetsu (Sogetsu) de ikebanas
A Osogetsu foi criada pela japonesa Sofu Teshigahara em meados do século XX e originou o estilo Sogetsu de ikebanas. Sua principal peculiaridade é a introdução de elementos artificiais, sintéticos, para expressar a arte juntamente com as plantas naturais.
Ela quebra as diretrizes mais tradicionais das ikebanas, permitindo maior criatividade na hora de fazer arranjos. Diz-se que Gandhi e a princesa Diana eram apreciadores do estilo, que acabou sendo amplamente difundido no Ocidente na década de 1950.