A videira, ou parreira, recebe diversas podas. A primeira a ser feita é com a muda de um ano após o plantio. Chama-se poda de formação e visa a melhor distribuição dos ramos iniciais. Conheça a seguir os principais tipos de poda no plantio da uva.

Poda de Um Ramo

É deixado um único ramo, chamado também de braço. O ramo recém-formado é conduzido pelo arame da latada ou espaldeira.

Quando há outras mudas no mesmo espaço, ao atingir a planta seguinte a ponta do broto será retirada, no que se chama de desponte. Assim podermos ter melhor controle sobre cada muda sem entrelaçamentos que dificultarão as podas nos ciclos de vida da planta.

Poda de Dois Ramos

videiraA poda também poderá ser de dois ramos, quando é eliminado o ápice ou ponteiro deles. Deverá ser assim para que gemas mais abaixo possam se desenvolver.

Retirando-se a ponta, elimina-se a dominância apical do ramo e as gemas logo a seguir se desenvolvem em ramos. A condução destes ramos secundários formados deverá ser no mesmo sentido do ramo inicial.

A poda da ponta destes ramos ocorrerá quando estiver quase no limite destinado a ele no espaço. Assim, a perda da dominância também produzirá mais ramos, fechando mais a copa.

Estas brotações laterais devem ter um espaçamento aproximado de 30 cm entre elas no ramo inicial para não haver adensamento excessivo de vegetação, ocasionando pouca entrada da luz do sol no meio da copa.

Formação de Esporões

Quando os ramos secundários conduzidos estiverem vigorosos e mais lenhosos, deverão ser podados, deixando 2 a 3 gemas, sendo distribuídas ao longo então do ramo inicial. São chamados de esporões.

Os ramos que produzem cachos são chamados de varas de produção.

Poda para a Produção de Cachos de Uva

poda da videira
Poda de inverno de parreiras

Para a produção de cachos também são realizadas podas. É necessário um tempo de repouso após colheita e antes do início do ciclo de produção seguinte, podendo variar em torno de um a dois meses.

Em climas frios o repouso ocorre no inverno e em climas mais quentes a redução da água de rega poderá induzir à dormência. Elimina-se parte dos ramos, retirando os mais débeis, que apresentem sintomas de doenças, má formação e os que cruzam sobre outros.

Ocorre então a seleção do que fica e do que será podado. Os ramos que ficaram (esporões), o mais próximo do ramo inicial será podado curto e o seguinte deixado longo, para fazer a produção.

Então ficam esporões e varas de produção, num composto chamado de poda mista. Os esporões produzirão brotações que serão utilizados como ramos ou varas de produção no ciclo do ano seguinte.

Assim ocorre a renovação da copa. Esta técnica permite cachos em todos os ciclos produtivos.

Poda Verde

Chama-se poda verde aquela que é feita depois que a planta saiu da dormência e iniciou a enfolhar. São eliminados o excesso de brotos, analisando sua localização no ramo. Assim elimina-se brotações superpostas que serão inúteis.

São deixados cerca de 3 a 4 brotações com uma boa distribuição ao longo de cada ramo. Na mesma ocasião é feito o desponte do broto terminal e tem o objetivo retirar a dominância apical e permitir que as brotações mais junto das junções dos ramos recebam mais seiva.

Como consequência teremos melhores formações de cachos. Este desponte é realizado no estágio inicial de formação dos cachos, evitando que a seiva tenha maior direcionamento para as folhas.

Quando a produção de folhagem é muito grande o sol não penetra adequadamente, há então menor ventilação. Pouca ventilação pode propiciar o surgimento de doenças fúngicas que atacam a videira.

Retira-se manualmente algumas folhas, principalmente as que estão abaixo da camada superior. Analisar o que será retirado é importante, pois a incidência do sol sobre os cachos poderá ocasionar queimaduras nas bagas.

Poda dos Netos ou Ramos Ladrões

Outro tipo de retirada que deverá ser analisada é a poda de ramos somente vegetativos, chamados de netos ou ramos ladrões. Não produzem flores e usam a seiva que deveria ser conduzida para ramos produtivos.

Poda de Cachos

colheita corte cacho de uvaTambém poderá ser feita, quando são retirados os mais fracos, com aparência doente e os que estão atrasados em desenvolvimento em relação aos demais produzidos pela planta.

A época para esta tarefa é antes da emissão das flores e quando já houver o início dos frutos ainda pequenos. O objetivo para esta poda permitir a formação de cachos melhores e mais bem formados.

Em nível caseiro é difícil fazer, pois temos a tendência de deixar todos se desenvolverem.

Miriam Stumpf é engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ministra aulas de jardinagem e paisagismo sustentável e é autora de vários livros, entre estes o Guia de Produção para Plantas Medicinais, aromáticas e flores comestíveis. Faz projetos de paisagismo sustentável.